A origem da palavra Páscoa advém de Pessach em hebraico que significava passagem. Para muitos a Páscoa é um dos momentos religiosos mais importantes do ano, para outros é apenas uma data para estarmos com as pessoas de quem mais gostamos à volta de uma boa mesa. No entanto para todos, a palavra passagem representa algo que é efémero.
Quando dizemos que “só estamos de passagem” em determinado sítio, é porque não vamos criar raízes, porque temos o tempo contado. Agora estamos aqui mas depois vamos estar em qualquer outro lado. A ideia de passagem retira-nos o peso de um compromisso porque sabemos que não é permanente nem durável. A verdade é que isso devia ser diferente...
Quando estamos, por muito que seja por pouco tempo, deveríamos estar a 100%. Se estamos num almoço de família não faz sentido estar com a cabeça noutro sítio ou no telemóvel a combinar a próxima coisa. Se estamos numa casa, mesmo que a digamos provisória porque não cumpre os nossos requisitos, é a nossa casa e devemos fazer tudo para que seja o sítio onde nos sentimos bem. Depois, quando vier a próxima, só temos de fazer o mesmo. Se estamos a trabalhar mas as funções ou o local não são aquilo que gostávamos, vamos estar na mesma a dar o nosso melhor, a fazer o que temos para fazer da melhor maneira possível e com o foco lá.
A verdade é que se estamos devemos Estar. Mas Estar mesmo, de corpo e alma, com todo o compromisso e dedicação que isso implica. Quando vamos passar uma semana de férias a uma cidade com que sempre sonhámos sabemos que estamos ali de passagem. No entanto aproveitamos cada minuto com uma entrega total. Queremos ver todos os sítios, ir a todos os restaurantes, visitar todos os museus, experimentar tudo sobre aquela cidade e tirar fotografias a todas estas coisas para sentirmos que lá estivemos verdadeiramente, não é? Porque de facto Estivemos, embora fosse de passagem mas desta vez a noção de efémero fez-nos sentir uma entrega que não sentimos no nosso dia-a-dia.
A realidade é que vivemos de passagem. Tudo o que temos são momentos de passagem porque o tempo está sempre a correr e nunca há hipótese de voltarmos atrás.
Vamos aproveitar este mês de Abril para Estarmos mesmo. Tal como estamos quando viajamos: com aquela entrega, entusiasmo, receptividade e ânsia de aproveitar o momento. Vamos Estar. Connosco mesmos e com os outros.
E tudo aquilo de que gostamos menos na nossa vida, tudo aquilo que nos deixa menos felizes ou que nos faz menos sentido vamos aproveitar a consciência do efémero para mudar e transformar. Estamos de passagem. Não faz sentido que não vivamos de acordo com aquilo que somos e queremos. O desafio deste mês é Estarem. E quando não querem Estar, trabalhem na mudança para Estarem como querem estar.
Vamos começar já hoje a fazer diferente?